Pesquisar este blog

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Catecismo Racoviano II (refutações)


**Depois de mostrar a concepção racoviana do Espírito Santo, os socinianos agora tentam rebater as argumentações dos defensores da personalidade divina do Espírito Santo.

Como então aquelas passagens das Escrituras devem ser entendidas onde ações corretamente  pertencidas a pessoas, e se referem ao próprio Deus, são atribuidos ao Espírito Santo?
Nós entendemos elas deste modo. Que, nas Escrituras, é frequentemente atribuido  a coisas pertencentes a pessoas, sem mesmo assim pensarmos que aquelas coisas são pessoas.

Os socinianos e unitários sempre se esconderam debaixo dessa argumentação, mesmo sendo ridícula. Eles argumentam que as passagens que ensinam a personalidade do Espírito Santo devem ser entendidas como personificação.
Entretanto, é impossível ser entendido dessa forma pois:

1) Em João 15:26,27  ensina que os cristãos intercederiam como o Espírito Santo intercede, revelando a personalidade do Espírito Santo.

2) Ele é colocado em ligações com outros seres pessoais e agindo pessoalmente: 

Disse o Espírito a Filipe: Chega-te e ajunta-te a esse carro.    E correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes, porventura, o que estás lendo? (Atos 8:29-30)

Estando Pedro ainda a meditar sobre a visão, o Espírito lhe disse: Eis que dois homens te procuram.     Levanta-te, pois, desce e vai com eles, nada duvidando; porque eu tos enviei.     E descendo Pedro ao encontro desses homens, disse: Sou eu a quem procurais; qual é a causa por que viestes?   (Atos 10:19-21)

Enquanto eles ministravam perante o Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.     Então, depois que jejuaram, oraram e lhes impuseram as mãos, os despediram.   (Atos 13:2-3)

Perceba que essas passagens mostram o Espírito falando e os cristãos o entendendo e o obedecendo, como inúmeras vezes na Biblia onde Yahweh fala com seu povo (Gn 12:1;Ex 3:4...). Não existe possibilidade de entender este texto de forma personificada e nem de qualquer outra forma a não ser pressupondo sua personalidade.

3) Em João 14:16,17  o termo traduzido por Consolador é παράκλητον, um termo que posteriormente será aplicado a Jesus Cristo, em 1 João 2:1. Um título desses já demonstraria existência pessoal, mas ainda vale a pena notar que o termo traduzido por outro em Jo 14:16 é ἄλλον, que significa outro do mesmo tipo, o que indicaria que ele seria um consolador da mesma forma que Cristo foi, mas com uma personalidade diferente. 
Além do mais, a personificação só ocorre em poucos passagens, e quando por exemplo algumas partículas inanimadas são personificadas, são em passagen isoladas, não comparáveis com as inúmeras vezes que é descrito características pessoais ao Espírito em passagens de linguagem de prosa.

Mas como você diz que o Espírito Santo é o poder de Deus, quandoo Espírito Santo e o poder do Altíssimo são separadamente nomeados pelas palavras do Anjo a Virgem Maria?
Frequentemente em composições escritas, a mesma coisa é expressada por duas palavras diferentes para melhor elucidação do material. 

Sem dúvida, a linguagem paralelística é muito comum na Bíblia. Contudo, o uso dela é muito variado. Veja novamente meu comentários sobre Lc 1:35.

"A passagem na qual os socinianos afirmam que o Espírito Santo é o poder de Deus, esta localizado em Lucas 1:35.
Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus
 Os unitários dizem que o versículo aqui faz uso de uma figura de linguagem chamada paralelismo. Contudo é de se estranhar o uso disso nessa passagem aqui. Se em Lc 1:35 é provado que o Espírito é poder de Deus, em Amós 1:8 provaria que Deus e seu poder são intercambíveis.
De Asdode eu exterminarei o morador, e de Asquelom aquele que tem o cetro; tornarei a minha mão contra Ecrom; e o resto dos filisteus perecerá, diz o Senhor Deus.  
Assim é visível que parece haver uma semelhança entre Amós 1:8 com Lc 1:35. O uso do paralelismo aqui parece indicar somente que o Espírito e o poder de Deus estão unidos para ter um mesmo efeito, assim como em Amós 1:8 indica que a mão de Deus e Deus são citados para dar efeito comum."

Além disso, o autor do catecismo cita Mt 3:11 e Lc 3:16 (para depois comparar com Mc 1:8). Entretanto, novamente conforme minha explanação sobre o uso de paralelismo, o fogo e o Espírito somente indica que os dois tem um  papel em comum. Para maior elucidação,  o fogo é uma descrição metafórica do poder operativo do Espírito Santo.
 A mesma aplicação é fornecida em Mt 1:20 e Lc 1:35. Mateus menciona somente o Espírito Santo porque está querendo ensinar que o Espírito desceu sobre Maria, e Lucas quer ensinar como o Espírito Altíssimo desceu sobre ela, a saber, pelo seu poder.
O catecismo nessa mesma pergunta, diz que Jesus foi ungido com o Espírito Santo, o que seria uma impossibilidade se ele fosse uma pessoa. O texto em questão é Atos 10:38.

"Deus o unigiu com o Espírito Santo e com poder"

Entretanto, a mesma Bíblia chama Jesus de "porta" (João 10:9) e nem por isso ele deixa de ser uma pessoa. O que está em evidência aqui é um caso de tipo e antítipo. Incenso no Antigo Testamento é dito ser nossas orações no Novo Testamento (Apocalipse 5:8), da mesma forma que o Todo-Poderoso e o Cordeiro são o Santuário (Ap 21:22) ,e nem por isso alguém irá negar a personalidade do Pai e do Filho. O ponto em questão é que o Pai e o Filho são o antitípo do templo físico. A mesma aplicação é dada ao Espírito. O Espírito Santo é o antitípo do óleo da unção do Antigo testamento.




Autor: Lucas Freitas/ Co-autor do blog.


Nenhum comentário:

Postar um comentário